Olá a todos! Hoje a postagem é sobre um livro que li já faz muito tempo mas que vale a pena falar um pouco até porque existe uma sequência que quero muito muito ler!
Belle já tinha problemas suficientes preparando a comida da casa-grande e cuidando para se manter longe dos olhos de D. Martha e de seu filho, Marshall. Eles não sabem que, na verdade, ela é filha ilegítima do capitão James Pyke, por isso imaginam o pior em relação à preferência do capitão pela escrava mestiça. Ser responsável por uma menina meio doente que acaba de chegar à fazenda é um tormento do qual Belle não precisava. A garota parece incapaz de reter comida no estômago, mal fala, não se lembra de nada e, às vezes, é até meio assustadora, com sua cara de avoada. Além de tudo é branca e tem cabelos cor de fogo. Mas Belle sabe que, entre as pessoas que a acolheram, a cor da pele não significa nada e por isso acaba recebendo Lavinia de braços abertos. Esse é apenas o início da saga de uma família formada por laços que vão muito além do sangue. Uma história de coragem, esperança, força e amor à vida.
Kathleen Grisson - Arqueiro - 336 páginas
Escolha: Decidi ler Escravas de Coragem primeiro porque sou apaixonada por livros do gênero "Historical Fiction", ou seja, qualquer livro cujo enredo se passa em algum momento histórico da humanidade. Fui fuçar o Goodreads e encontrei esse livro que me chamou bastante atenção pelo resumo. Outro motivo que me atraiu para o livro é que também já vivi na Georgia - USA - e todos sabem da antiga relação do sul dos EUA com a escravidão. Bati o martelo (e ganhei do marido a versão em inglês para o kindle)!
Enredo: O momento histórico no qual a história se desenrola é o período de escravidão nos Estados Unidos (1791-1810). O livro conta a história de uma família e seus escravos e se passa quase que totalmente em uma plantação de Tabaco no estado da Virgínia, propriedade do Capitão James Pyke.
A história é dividida em 55 capítulos + prólogo e epílogo. Cada um dos capítulos narra os acontecimentos pela visão de Lavínia ou Belle (as duas protagonistas da história). Essa dupla narração de acontecimentos (e, consequentemente, de pontos de vista) é importante pois as personagens possuem diferentes entendimentos sobre alguns acontecimentos (visto que Belle é uma jovem adulta no começo do livro) enquanto Lavínia é ainda uma criança. Além disso, no decorrer da história, Belle e Lavínia passam algum tempo em lugares diferentes e a dupla narrativa permite que possamos acompanhar os acontecimentos desenrolando em ambos os locais.
O enredo começa com a narrativa de Lavínia, uma menina irlandesa e branca que perdeu os pais em uma viagem de navio e foi levada pelo Capitão Pyke até a casa da cozinha de sua fazenda. Lá ela é acolhida pela escrava negra Belle (que na verdade é filha ilegítima do capitão) e toda a família de escravos da cozinha (e que atendem diretamente na casa grande). Existe também um outro ramo de escravos na fazenda (os que trabalham na plantação). O livro mostra claramente que as famílias escravas são formadas não por laços de sangue mas sim de convivência e amor (o que não é difícil de imaginar visto que os escravos eram comercializados individualmente e, muitas vezes, separados de suas famílias de sangue).
No seio dessa "família escrava" Lavínia é acolhida. Os primeiros capítulos do livro mostram o impacto da chegada da Lavínia (uma menina de aparência frágil e bastante doente) no meio de uma família que luta pra se manter unida e ajuda uns aos outros acima de tudo. Também situa o leitor na dura realidade da escravidão quando desenvolve o drama entre Belle e o capitão (filha e pai) mas que é vista pela esposa do capitão e seus filhos (principalmente o mais velho) como sua amante.
Lavínia se recupera e a história se direciona para a relação de Marshall (o filho mais velho) e Dona Martha (a esposa) com os escravos e seu ressentimento para com Belle. E, a partir desse ponto, começa uma série de acontecimentos que nos mostra o horror da escravidão ao mesmo tempo que a lealdade dos escravos para com seus mestres (ex. quando um tutor é chamado para ensinar Marshall e os escravos percebem que algo não está correto, eles fazem de tudo para trazer a verdade aos olhos dos patrões - até que tomam atitudes drásticas para acabar com o sofrimento do garoto).
A história vai se desenvolvendo e mostrando não só os laços de lealdade mas também nos mostra a fragilidade do ser humano pois em alguns momentos os acontecimentos do passado (e os ressentimentos ou alegrias) mudam ou influenciam as escolhas de vida das personagens da mesma forma como acontece na vida de qualquer ser humano.
Depois de um tempo e alguns acontecimentos Lavínia, por ser branca, passa a morar com a irmã de Dona Martha em outra cidade (assim como seu filho Marshall). Lá ela não é tratada como escrava e sim como filha e, por consequência, acaba voltando para Tall Oaks como senhoria e não mais na casa da cozinha como antes de partir. Isso gera para ela uma necessidade de ajuste. O livro narra o conflito dela tentando viver a nova vida que lhe é imposta ao mesmo tempo que deseja abraçar a família que a acolheu. Na verdade, pra ir mais fundo, o livro mostra todos lidando com essa inversão de papéis, que, por sua vez, gera uma nova sequência de acontecimentos na fazenda. Um deles, por exemplo, é a ruína do casamento de Lavínia.
Junto com tudo isso há o declínio de poder da fazenda e a necessidade de venda de escravos para que o patrão tenha dinheiro e a luta da família escrava para permanecer unida acima de tudo. Unida não só entre eles (escravos) mas também Lavínia que, embora tenha se tornado dona dos escravos, ainda mantém seu coração junto com aqueles que foram sua única família por tantos anos.
Opinião: O livro narra aproximadamente 20 anos da saga de uma família e seus escravos e é bem fiel a tudo que conhecemos sobre o assunto. Os personagens são muito bem construídos e contextualizados e, em nenhum momento, suas escolhas podem ser questionadas. Até mesmo Lavínia que, em um momento do livro, toma uma decisão que parece absurda na visão do leitor, está sendo guiada pela sua vivência e sua carga emocional de vida. E a autora acertou em deixar isso extremamente claro.
Além disso a história encanta pelo modo como é contada. A diferença na visão experiente de Belle e dos escravos e a visão ingênua e infantil de Lavínia (isso no começo da história).
Pra quem eu recomendo o livro? Para os amantes de romances históricos é uma ótima pedida. Se você curtiu "The Help", por exemplo, vai adorar. Se gostou de 12 anos de escravidão também. Mesmo pesado (o tema da escravidão é pesado assim como guerra e holocausto) é um livro que nos ensina muito e que surpreende.
Pra quem eu não recomendo? Fuja se você não gosta de tristeza e de acontecimentos marcantes. Não há rodeios para se tratar o dia a dia da escravidão (mortes, espancamentos, mutilações, estupros). O livro pode te fazer desistir ainda que esses assuntos sejam apenas pano de fundo pra se entender as ações das personagens.
Oba, gostei! Quero ler também! O que mais eu devo saber?
Informações do livro e até um trecho pra ler online você encontra no site da editora Arqueiro (aqui).
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